Ter um planejamento de aulas eficiente é o grande segredo de qualquer professor que sabe atuar bem na sua área. Nos tempos atuais, a discussão sobre o papel do professor recebe muito mais curiosidade e embasamento em estudos válidos.
Por causa disso, é importante ter conhecimento de como montar o seu instrumento de trabalho, no caso as aulas, da maneira mais eficiente tanto para si como para os estudantes.
A importância do planejamento de aulas na educação
O planejamento de aulas eficiente tem como maior importância possibilitar que o professor execute a sua tarefa principal: guiar o aluno na sua trajetória ao conhecimento.
Para começar a entender essa ideia, é interessante pensar no que o cientista Galileu Galilei quer dizer em uma de suas frases mais icônicas. Ele afirma que não é possível ensinar nada a ninguém, mas sim só é possível ajudar o interessado a encontrar a resposta dentro de si.
Isso significa que o professor não é dono do conhecimento, mas sim um entendedor de ideias capaz de transmitir os aprendizados obtidos em sua trajetória a alguém com vontade de aprender. O estudante, por sua vez, precisa ouvi-lo e pensar como utilizar desses dados para a sua própria trajetória e, dessa forma, dar sentido àquele conceito absorvido.
Benefícios de um planejamento eficiente
O professor que investe em um plano de aula é capaz de colher muitos benefícios importantes como:
- Melhor entendimento do funcionamento da turma;
- Maior capacidade de criar aulas com mais qualidade;
- Entendimento maior do próprio assunto que leciona.
Antes de qualquer coisa, o professor que planeja suas aulas colhe como benefício principal o melhor entendimento de como a turma funciona. Através de dados como idade, condição econômica, conhecimentos mostrados em sala e afins é possível que o professor utilize essas informações em suas aulas.
Quando o professor entende melhor o funcionamento da turma, é possível criar aulas com maiores chances de chamar atenção e oferecer conhecimentos valiosos para a turma. Basta pensar que ensinar uma turma do 9º ano do fundamental é completamente diferente de uma turma de superior, mesmo que o assunto seja o mesmo.
Por último, pelo fato do professor ter que revisitar várias vezes o assunto para garantir que tudo será abordado na aula, ele consegue se aprofundar mais sobre a temática ensinada. Isso gera maior experiência para o profissional e permite que ele, nas próximas aulas, tenha um desenrolar melhor por ter se aprofundado no assunto.
Princípios do Planejamento de Aulas
A criação de um planejamento de aulas eficiente envolve, antes de tudo, alguns princípios simples que servem para guiar o professor durante a criação de algo assertivo. São os seguintes:
- Análise e interpretação de dados constantemente;
- Flexibilidade;
- Apresentar os conteúdos de maneira clara e objetiva;
- Utilizar metodologias que se adéquem a suas capacidades de ensinar.
Analisar e interpretar dados com certa constância é muito importante para garantir que o seu planejamento de aulas eficiente comunique com alunos de diferentes contextos. Como o mundo sofre alterações de maneira muito rápida, o seu público exigirá novas formas de ensinar. Alguns exemplos de fatores que a análise leva em conta são:
- Estrutura da escola;
- Nível de conhecimento dos alunos;
- Tempo disponível;
- Relações entre os alunos.
Ainda dentro da análise e interpretação de dados, vale destacar o fator tempo. É preciso perceber se o tempo disponível para a aula é capaz de preencher as atividades necessárias e como seus alunos estão no horário de sua aula. A eficiência das aulas logo após o almoço, por exemplo, costuma ser diferente das que começam às 15h da tarde.
A flexibilidade, por sua vez, fala sobre a possibilidade de alteração do plano caso seja necessário. É bem simples, mas costuma trazer dificuldades ao docente muitas vezes pela dificuldade de quebrar a rotina.
Expor o conteúdo de forma clara e objetiva significa entender como aquele assunto deve ser exposto para aquela turma e até onde eles devem se aprofundar. A maneira de ensinar um conteúdo de biologia em um curso de pré-vestibular é totalmente diferente das abordagens em um curso superior da mesma área, já que na primeira o objetivo é atingir o máximo de acertos nas provas, enquanto na segunda é necessário um aprofundamento.
Por fim, utilizar metodologias que se adéquem às suas capacidades é um ponto bem delicado. Muito se fala sobre a necessidade de um grande repertório de metodologias diferentes. Essa definição está incompleta justamente por focar na aquisição de muitas formas de ensinar, mas não na relação profissional do docente com os métodos.
O mais correto será, portanto, entender quais são as melhores metodologias que você consegue aplicar em suas aulas. Observe como você se sente com determinado modo de ensinar, as reações e demonstrações de conhecimentos das turmas com metodologias diferentes para deduzir qual ou quais são as mais adequadas.
A relação entre planejamento, ensino e aprendizado
Entender como o planejamento, o ensino e o aprendizado se conectam são pilares que baseiam a maneira que o professor vai conduzir a sua aula em cada contexto. O planejamento significa traçar a ideia de execução, ou seja, como se deve fazer a aula e quais pontos ela precisa atender para que os alunos aproveitem o conhecimento exposto.
O ensino se trata da maneira que o assunto será abordado e o aprendizado é o conteúdo absorvido que, por consequência, é aplicado pelo aluno. A análise dos dois podem ser tratadas juntas, pois é preciso sincronizar os dados obtidos de ambos para deduzir a situação daquele contexto.
Um exemplo seria quando o professor testa uma maneira mais formal de falar e percebe que seus alunos ficam mais desatentos. Ao alterar o tom de fala para uma conversa mais tranquila, ele percebe que os alunos daquela turma demonstram maior empolgação e conexão com o conteúdo.
Ao mesmo tempo, uma outra turma pode demonstrar maior atenção com uma linguagem mais formal e assim por diante. Percebe como é necessário interpretar o que cada uma das situações indica? Ou seja, não existe uma receita fixa que sempre vai fazer a turma gostar de suas aulas, mas sim um modo de analisar e coletar dados que aquela sala lhe oferece.
Diferentes abordagens e metodologias pedagógicas
Conforme já foi brevemente citado, as metodologias pedagógicas precisam ter uma seleção cuidadosa que considere tanto os alunos como o professor. Alguns exemplos de abordagem são:
- Aula expositiva;
- Resolução de problemas;
- Aula prática;
- Estudo de caso.
Novamente, vale destacar, não existe uma forma dessas que resolve todos os problemas. É preciso compreender como a sala se encontra e qual das metodologias o professor tem mais proximidade e, dessa forma, buscar um ponto em comum.
A importância da contextualização e da conexão com o currículo
Contextualizar uma aula é uma tarefa excelente para garantir uma absorção e aproximação maior do conhecimento por parte do aluno. Junto a isso, conectar esse ponto com o currículo é ótimo para proporcionar ao estudante um andamento maior tanto nas matérias curriculares quanto no conhecimento individual.
Adaptação do planejamento às necessidades dos alunos e ao perfil da turma
Adaptar o planejamento às necessidades da turma é um exemplo da flexibilidade que esse recurso oferece, já que é possível garantir o diálogo da aula com o contexto dos alunos. Logo, se você nota uma predominância de estudantes que assistem a uma série, não deixe de usar esse fato em sua aula para engajar todos em sua explicação.
Elaborando um Plano de Aula Engajador
Nesta etapa, estão algumas sugestões para você diversificar as suas aulas e utilizar seus recursos disponíveis para engajar os seus alunos em suas explicações. Todas as partes do plano obedecem aos pilares estabelecidos anteriormente.
Partes de Plano de Aula
Para a criação de um plano, é necessário levar em conta o que se tem em uma aula. Com isso em mente, 3 divisões se realizaram: assunto que será tratado, métodos de absorção e registros. Todos eles juntos podem coordenar sua aula de maneira organizada e garantir que você não se perca enquanto leciona.
Assunto que será tratado
Nesta parte nasce tudo, pois é preciso analisar o assunto que os alunos precisam absorver naquela data e observar as maneiras de causar essa assimilação. Por isso, busque materiais interessantes para basear suas explicações e, se possível, faça um ensaio.
Opte sempre por se preparar bem antes das aulas para não deixar criar lacunas de entendimento em seus alunos. Não esqueça também de deixar as referências disponíveis para caso os alunos ou outras pessoas desejem saber o seu material base para a montagem da aula.
Métodos de absorção
Nos métodos de absorção as coisas se diferenciam, já que essa é a parte prática dos conceitos de sua aula. Para formar essa etapa, você precisa se perguntar: como meus alunos podem absorver o conteúdo que eu ensinei? A partir disso, as possibilidades são infinitas, desde listas de exercícios, até coisas mais diferentes como debates, seminários e afins.
Registros
Nessa parte você vai registrar tudo de relevante que se pôde coletar com a sua aula. Ou seja, como você se sentiu ao lecionar de determinadas maneiras e como os alunos reagiram. Durante as revisões, esse vai ser um dos tópicos mais importantes, por isso garanta bons registros das aulas.
Definindo objetivos e metas de aprendizado
Os objetivos e metas são importantes para manter o professor e os alunos conscientes sobre o que buscam naquelas aulas. Por isso, quando se vai definir objetivos e metas de aprendizado, é preciso considerar fatores-chave como:
- O contexto daqueles alunos;
- Em qual patamar de conhecimento aqueles alunos querem chegar;
- As necessidades de aprendizado exigidas da disciplina lecionada.
A partir desses três itens, é possível formar objetivos que são possíveis de serem alcançados e, com a realização, auxiliar a trajetória dos alunos. Deixe claro aos estudantes que você, professor, possui um objetivo claro e possível de ser alcançado com eles.
Selecionando conteúdos e atividades alinhados aos objetivos
Para selecionar conteúdos e atividades interessantes, é necessário que todas elas acrescentem novas visões para os alunos. É preciso tomar muito cuidado nesse ponto justamente para não cair no erro de passar materiais sem nenhum sentido.
Um exemplo bem prático, muito utilizado nas áreas de exatas, é mostrar como os pesquisadores daquele assunto chegaram naqueles conceitos. Ao demonstrar o raciocínio dos criadores daquele conteúdo, o aluno interage diretamente com a fonte do conhecimento e pode aproveitar melhor a aula.
Estruturando a sequência de atividades e tempo de aula
Estruturar atividades que gerem conhecimento aos alunos com o tempo disponível não costuma se tratar de uma tarefa fácil, mas é totalmente possível. É necessário organizar isso através das características das atividades e da relação atual que os alunos possuem com aquele tipo de assunto.
Para exemplificar, um acontecimento muito comum principalmente para os docentes da área de exatas, são reclamações pelo excesso de atividades passadas. Junto a isso, a segunda reclamação seria sobre a “inutilidade” dos conceitos transmitidos, o famoso: nunca vou usar isso na vida, por que deveria saber?
Sabe-se muito bem que disciplinas como a matemática exigem que o aluno pratique bastante para exercitar o raciocínio demonstrado em aula, mas isso deve ser feito com uma abordagem mais inteligente. Com certeza última coisa que você deseja como um professor de qualidade é que os alunos tenham receio, medo ou qualquer sentimento de distância de sua matéria.
Por isso, uma sugestão para o professor seria planejar resoluções de problema no quadro junto com os alunos e aplicar a seguinte ideia: eles vão ditar os passos a serem feitos. Tudo que o professor deverá fazer será escrever as contas conforme os alunos dizem.
Após terminarem o raciocínio, o docente deve comentar as resoluções e, caso existam erros, corrigi-los. Durante as explicações, o professor precisa mostrar de onde aqueles conceitos se originaram e por qual motivo o aprendizado deles é interessante. No exemplo da matemática, seria como as coisas se alinham quando se respeitam princípios básicos.
Diversificação de estratégias de ensino e recursos didáticos
Diversificar as estratégias de ensino e usar bem os recursos didáticos revela muito profissionalismo e capacidade de interpretação por parte do professor. É importante ter um arsenal eficiente de metodologias, conforme já explicado, para lidar com diferentes situações que a docência traz.
Avaliação da aprendizagem e feedback contínuo
A avaliação é outra etapa complicada e que costuma atrapalhar muitos docentes, desde os experientes até os novatos. Logo, para começar, é necessário ter em mente uma coisa: durante a avaliação, o professor possui poder de decisão.
Essa conclusão precisa ser aceita porque muito do que se vê no cenário acadêmico é um mau uso dessa posição. O que ocorre, geralmente, são extremismos como avaliações muito difíceis ou muito fáceis. Ambas não podem afirmar nada sobre a qualidade da aula e da turma.
Logo, caso se deseje que aquela turma tenha o devido sucesso, é preciso fazer avaliações que julguem a relação dos alunos com a matéria. Não são provas difíceis que ajudarão o docente a entender o aluno, mas sim provas que mostrem ao professor onde estão as falhas que impedem os estudantes de progredirem em sua matéria.
Um professor de língua portuguesa, por exemplo, que deseja aplicar uma prova deve levar em conta o assunto lecionado, o nível de absorção dos alunos e a linguagem a ser utilizada. O segundo fato, no entanto, só pode ser observado caso o professor ponha os estudantes em situações de demonstrar os conhecimentos da maneira mais natural possível.
É o caso de debates, por exemplo, tarefa muito adorada pelos estudantes por parecer menos trabalhosa e mais empolgante. O professor de língua portuguesa pode utilizar disso através de discussões de opiniões de livros, separar a parte gramatical e abordar assuntos durante essa conversa que coincidam com o conteúdo que cairá na prova.
As provas são, junto com a interação dos alunos em aula, a maior fonte de dados que um professor pode ter sobre a qualidade de sua aula e daquela turma. Por isso, utilize de maneira sábia os dados que podem ser obtidos.
Implementação e Ajustes do Plano de Aula
Nesta etapa para o seu planejamento de aulas eficiente, estão alguns pontos interessantes para melhorar a precisão e eficiência de seu recurso. Com a prática, você será capaz de coletar esses pontos com mais facilidade e maior rapidez.
Preparação e organização dos recursos e materiais
Preparar e organizar os recursos que se utilizam na aula facilitam o cotidiano da formação das aulas e deixam o ato de planejar sem complicações. Você pode montar uma lista com os recursos a serem utilizados, a exemplo de:
- Giz ou piloto para quadro;
- Apagador;
- Projetor;
- Notebook;
- Slides sobre X assunto;
- Filmes sobre X assunto;
- Livro sobre X assunto.
Caso deseje, pode utilizar essa lista como exemplo para se organizar e modificá-la como quiser a depender do tipo de aula que você leciona.
Monitoramento do progresso e engajamento dos alunos durante a aula
Monitorar o progresso dos alunos e medir o grau de interação deles com a sua aula também é importante para verificar a eficiência de seu planejamento. Perceber o progresso é possível através de atividades ou interações diretas com a classe.
Quanto à verificação de engajamento, existem modos mais simples como virar para turma em meio a uma explicação e perguntar se o andamento da aula está muito lento, devagar, etc. Essa etapa realmente varia de acordo com as características do professor.
Revisão e ajuste do plano de aula com base no desempenho dos alunos
A revisão do plano de aula é de total importância para capturar possíveis erros e faltas que seriam essenciais para o andamento de sua aula. Sempre que achar necessário, busque por novas fontes de conhecimento para acrescentar mais riqueza em sua aula, desde que essas informações novas sejam relevantes e absorvíveis para os alunos.
Reflexão sobre a prática e busca por aperfeiçoamento
Após revisar, é necessário refletir sobre o que os dados mostraram e ter sempre em mente o que se pode melhorar. Não pense na reflexão como simplesmente apontar o que está errado e os fatores a serem corrigidos. Essa etapa precisa ser encarada com o máximo de profissionalismo possível, pois é a partir dela que você, professor, conseguirá guiar o crescimento da sua capacidade de lecionar.
Compartilhamento e colaboração com outros profissionais da educação
Conversar com outros profissionais da área de educação vai enriquecer o seu plano de aula e preencher lacunas que ficariam vagas sem uma opinião externa. Lembre-se que a educação é um trabalho em conjunto, por isso conte com a opinião das pessoas de confiança.
2 Exemplos de planos de aula bem elaborados e eficazes
Para exemplificar todo o conteúdo exposto, seguem 2 modelos de planejamentos para aula que certamente podem te nortear na tarefa. Recomenda-se que durante a leitura você tente associar e retornar aos conceitos básicos apresentados nos tópicos anteriores.
Aula de matemática
Uma aula de matemática será lecionada em uma turma de pré-vestibular. O assunto dela será razões e proporções. Portanto, deve-se levar em conta se os alunos são capazes de:
- Manipular bem as 4 operações básicas da matemática;
- Raciocinar bem os conceitos básicos;
- Interpretar bem os problemas.
A metodologia escolhida foi expositiva com resolução de questões do ENEM no quadro com uma linguagem simples e direta. Logo, os materiais utilizados serão apenas piloto e apagador. O objetivo dessa aula, por fim, é que os alunos dominem o significado das razões e proporções e possam aplicar na resolução de problemas de vestibular.
Aula de Língua Portuguesa
Agora, uma aula de língua portuguesa será lecionada em uma turma de ensino médio. O assunto que será abordado é uma introdução a interpretação de texto. Por isso, espera-se que os alunos saibam as diferenças entre as classes básicas da língua.
A partir disso, a metodologia também será expositiva junto de um momento de leitura coletiva. Após o término do texto, os alunos devem discutir as ideias que o texto trouxe e debater o que eles entenderam da leitura. O objetivo da aula é acostumar os alunos com o ato de entender um texto e retirar conceitos importantes dele para deduções.
Perceba que para a criação do planejamento de aulas eficiente se levou em conta o contexto da escola, o objetivo dos alunos e as características do assunto lecionado. Observe também a flexibilidade que o plano permite para mudanças se for necessário. Enfim, espera-se que os exemplos tenham clareado a forma de estruturar o plano.
Criar um planejamento de aulas eficiente não é uma tarefa fácil e envolve diversos fatores que podem se alteradas com o decorrer do tempo. Por isso, espera-se que seu caminho na docência tenha se facilitado através dos conhecimentos dispostos neste artigo e que sua aula possa ter a eficiência desejada e mudar a vida de diversos alunos diante do conteúdo.